Certa vez, em um desses congressos de estudantes de Geografia, me deparei com um cara que me chamou bastante atenção. Ele tinha porte físico interessante, cabelos que chegavam aos ombros e que não os ultrapassavam simplesmente porque os seus ombros eram tão largos, que me parecia a distância real de uma margem do Rio São Francisco a outra. Não tão facilmente e, também, não tão difícil assim, ficamos amigos. Ele era o tipo de cara interessante, inteligente em seus pequenos atos e me parecia, não tão de longe, decidido em tudo o que fazia. Mas o que melhor fez eu pensar que ele era um ''tipo de cara interessante'' foi a maneira como ele me descreveu a sua vontade de ser geógrafo.
Ele me perguntou:
- Por que você escolheu a Geografia?
Eu disse:
- Sei lá, eu nunca fui boa em decisões.
E completei:
- Mas, e você?
Ele exclamou:
- Eu tinha a estranha mania de subir nos telhados!
Eu espantada e achando tudo muito engraçado, perguntei:
- Como assim? Treinava pra ser um tipo evoluído do homem-aranha?
Nós dois rimos (...) E ele me explicou:
- Eu subia no topo dos prédios e ficava por lá a pensar... Pensava nas pessoas, nas casas, nos outros prédios, nos carros, nas montanhas, no sol, nas luzes da cidade, nos diferentes sons que chegavam aos meus ouvidos e no vento que atingia o meu rosto. Entretanto, por mais que eu me perguntasse sobre o que eu via, eu não conseguia explicá-las... Foi aí que decidi ser geógrafo...
Até hoje lembro das palavras dele...
A Geografia passou a ter um novo significado para mim e, assim como ele, procurei não ver a Geografia apenas como uma ciência de acadêmicos ou uma matéria chata da escola, e sim como a oportunidade de olhar pelo lado de cima como o mundo funciona do lado de baixo, compreendendo as engrenagens que fazem com que a sociedade e a natureza funcionem todos os dias.
Isso é Geografia!